SPVS – MATA ATLÂNTICA

CONSERVAÇÃO PARA A VIDA

por Clóvis Borges, CEO
Com suas origens firmemente ancoradas na crença de que a conservação da biodiversidade tem valores intrínsecos, a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) nasceu em 1984, na cidade de Curitiba, no estado do Paraná. Sua agenda de trabalho visa garantir a proteção das áreas naturais remanescentes no altamente ameaçado bioma da Mata Atlântica, concentrando-se no sul do Brasil, onde estamos baseados.

Desde a nossa fundação, temos feito esforços conơnuos com grande determinação para integrar a conservação da biodiversidade como uma das prioridades da sociedade brasileira. Com o tempo, também decidimos adotar estratégias que destacam a relação entre áreas protegidas e a prestação de serviços ambientais. Em um momento em que os recursos naturais enfrentam ameaças graves em uma escala nunca vista antes na história humana, as expectativas de bem-estar e saúde econômica de vários setores são ameaçadas e desafiadas pelos desequilíbrios ambientais. Assim, muitas partes interessadas já estão enfrentando questões ambientais que ameaçam a sustentabilidade de seus negócios. A SPVS é uma instituição sólida que trabalha para conservar a biodiversidade a fim de preservar a vida.

Graças à robustez adquirida ao longo de três décadas de existência e junto com nossos parceiros, estamos caminhando para nos posicionar de forma mais compaơvel com o tamanho dos desafios que ainda temos pela frente. Acima de tudo, continuamos firmemente comprometidos com os compromissos que deram origem a esta instituição e que aderem à visão de que a conservação da biodiversidade é um imperativo moral e ético e a única chance para a nossa própria sobrevivência neste planeta.

The Mata Atlântica. Foto crédito: Markus Mauthe
The Mata Atlântica. Crédito da foto: Markus Mauthe

 


GARANTIR QUE TUDO QUE FAZEMOS LEVE À CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos reconhecida por sua expertise técnica e robustez na entrega de resultados para a conservação da biodiversidade.

MISSÃO
Conservar a biodiversidade para preservar a vida.

SOBRE A SPVS
As ações da SPVS são baseadas na seguinte premissa: a manutenção da biodiversidade em áreas adequadas e suficientes é uma condição primária para garantir o bem-estar da sociedade.

A SPVS aplica as melhores práticas em conservação da biodiversidade por meio de iniciativas inovadoras e do estabelecimento de mecanismos que promovam o envolvimento da sociedade em ações de conservação.

A SPVS visa apoiar o estabelecimento e a manutenção de Áreas Protegidas – públicas e privadas, desenvolver ações para proteger e gerenciar espécies ameaçadas e vulneráveis, implementar ações de restauração, promover atividades educacionais sobre conservação (Educação para Conservação) e se engajar em políticas públicas.

NOSSAS PRIORIDADES DE AÇÃO

Conservação in situ da biodiversidade em áreas protegidas (públicas e privadas);

Promoção de ações de conservação da biodiversidade em áreas urbanas e periurbanas;

Projetos de restauração em áreas de alta prioridade para a conservação da biodiversidade no bioma Mata Atlântica;

Melhoria do bem-estar das comunidades vizinhas por meio do desenvolvimento de negócios cooperativos;

Educação para a conservação da natureza;

Pesquisa cienơfica e monitoramento focados na conservação da biodiversidade;

Iniciativas de mudanças climáƟcas focadas em mitigação e adaptação baseada em ecossistemas;

Ati vidades de advocacia em questões de conservação da natureza.

Água do rio fluindo dentro das Reservas da SPVS. Foto: Reginaldo Ferreira
Água do rio fluindo dentro das Reservas da SPVS. Crédito da foto: Reginaldo Ferreira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

URGÊNCIA – O Bioma Mata Atlântica

O maior fragmento está localizado ao longo da Serra do Mar, que detém 36,5% de sua vegetação original em uma área de mais de 2 milhões de hectares. Em contraste, 83,4% dos fragmentos da Mata Atlântica têm menos de 50 ha². A maior parte da Mata Atlântica remanescente perdeu seus maiores mamíferos, incluindo seu principal predador, a onça-pintada (Panthera onca). Se essa tendência continuar, a Mata Atlântica será a primeira ecorregião de floresta tropical a perder seu principal predador. Além disso, um estudo recente realizado na Mata Atlântica mostrou que a defaunação tem o potencial de erodir significativamente o armazenamento de carbono em florestas tropicais.

É importante destacar que cerca de 72% da população brasileira, mais de 149 milhões de pessoas, vivem no bioma Mata Atlântica. O desmatamento e a ocupação urbana contribuíram muito para a fragmentação do bioma.

Os serviços ecossistêmicos fornecidos pela floresta tropical beneficiam milhões de pessoas, desde aqueles que habitam porções do Estado de São Paulo e sua metrópole – São Paulo, além de cidades litorâneas dos Estados do Paraná e Santa Catarina.

“Há uma clara urgência de agir para garantir a conservação dos maiores remanescentes conơnuos da Mata Atlântica por sua capacidade de manter populações de vida selvagem maiores e por suas melhores perspectivas para sustentar espécies selvagens“.

 

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo. Estamos olhando para as últimas chances de salvar remanescentes significativos e ecologicamente viáveis desse bioma que abriga um número significativo de espécies endêmicas e ameaçadas“.


ENDEMISMO NA MATA ATLÂNTICA


SALVANDO A MATA ATLÂNTICA: CONECTANDO ÁREAS PROTEGIDAS PÚBLICAS E PRIVADAS

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é o instrumento legal que regula a criação, implementação e gestão de áreas protegidas no Brasil.

O SNUC divide as áreas protegidas em dois grupos:
Proteção Integral: tais como parques nacionais, refúgios de vida silvestre, Reservas Particulares do Patrimônio Natural, entre outros;
Uso Sustentável: floresta nacional, reservas extrativistas, Área de Proteção Ambiental (APA), entre outros.

A SPVS tem trabalhado nessa área com foco na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba desde 1991.

As áreas protegidas desempenham um papel importante na proteção dos manguezais do litoral do Estado do Paraná. Crédito da foto: Reginaldo Ferreira
As áreas protegidas desempenham um papel importante na proteção dos manguezais do litoral do Estado do Paraná. Crédito da foto: Reginaldo Ferreira

No coração do maior remanescente conơnuo da Mata Atlântica

Proteger áreas naturais conơnuas como a EPA de Guaraqueçaba – aproximadamente 300.000 hectares – é um desafio diário. A EPA de Guaraqueçaba abrange várias outras categorias de áreas protegidas, como a Reserva Biológica Bom Jesus, o Parque Nacional do Superagui e várias reservas particulares do patrimônio natural.

É necessário garantir que os grandes fragmentos florestais sejam uma prioridade de conservação.

SPVS has been working on the conservation of the Red-tailed Amazon parrot species for twenty years. This is an endemic species only occuring between the States of Paraná and São Paulo.Photo credit: Zig Koch
A SPVS trabalha na conservação da espécie Papagaio-de-cara-roxa há vinte anos. Esta é uma espécie endêmica que ocorre apenas entre os Estados do Paraná e São Paulo. Crédito da foto: Zig Koch

Para ter uma melhor compreensão da região, em 1991 uma equipe inter-disciplinar liderada pela SPVS desenvolveu um estudo para analisar a região de Guaraqueçaba, trabalhando em duas questões fundamentais:

1.) avaliando a conservação dos recursos naturais da área e o padrão de vida das comunidades locais, e

2.) coletando dados sociais, políticos, econômicos, legais, İsicos e biológicos. Além de revisar publicações existentes focadas nesta área, foram utilizados diferentes métodos para identificar os principais desafios da área, detectar suas causas e definir seu alcance, implicações e inter-relações. Não surpre-endentemente, a falta de implementação de planos de gestão de áreas protegidas já foi detectada no estudo.

Apesar das rígidas regulamentações legais para preservar a área, aƟvidades que são ilegais ou pelo menos não regulamentadas de forma eficaz conƟnuam devido às fraquezas no controle e aplicação das regulamentações. Essas atividades incluem pesca predatória que vão desde atividades comerciais em larga escala até atividades de subsistência. Outras ameaças incluem a colheita e comércio ilegal de palmito (Euterpe edulis), a colheita de madeira de caxeta (Tabebuia cassinoides), a retirada de produtos florestais não madeireiros, caça e tráfico de espécies ameaçadas, além de uso e construção de terra incompaơveis.

Combinações de fatores tornam a região única. Estes incluem a sua significativa diversidade biológica aliada a uma baixa densidade populacional humana, um grande número de sítios arqueológicos e históricos e locais de excepcional beleza paisagística, relativamente intocados devido ao difícil acesso. Crédito da foto: Zig Koch

Parque Nacional do Superagui: abrange 84.000 hectares de relevantes trechos de Mata Atlântica, cerrado, manguezais, praias e dunas, sendo considerado pelos especialistas como um dos mais notáveis ecossistemas costeiros do planeta (Roderian & Kuniyoshi, 1988). O Parque Nacional abriga o mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara), uma espécie endêmica e criticamente ameaçada de extinção. Crédito da foto: Zig Koch

RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DA SPVS

Desde 1999, a SPVS mantém três Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, totalizando 18.700 hectares.

O trabalho de conservação nessas áreas é realizado por meio de Planos de Manejo com o
objetivo de fiscalização, restauração de áreas degradadas, monitoramento da fauna, implementação de uso público, Educação para a Conservação e desenvolvimento das comunidades locais vizinhas. Essas ações estão relacionadas a uma estratégia mais ampla de consolidação do mosaico de áreas protegidas do Lagamar ao longo da costa dos Estados de São Paulo e Paraná.

Crédito da foto: Reginaldo Ferreira

AMEAÇAS À FAUNA E FLORA AMEAÇADAS NAS RESERVAS DA SPVS

Exemplo de espécies de Flora ameaçadas:
Peroba – Aspidospermaramiflorum Müll. Arg.,
Goerana Malouetiaarborea Miers,
Ipê-roxo – Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toleado.

Exemplo de espécies de animais ameaçados:
Aves
Jacutinga Pipile jacutinga,
Macuco – Tinamussolitarius,
Bicudinho-do-brejo Stynphalornisacutirostris.

Répteis
Muçurana –
Glanidium Clelia bicolor.

Mamíferos
Bugio Alouatta guariba,
Onça-pintada – Pantheraonca,
Cachorro-vinagre Speothosvenaticus,
Queixada – Tayassu pecari,
Lontra – Lontra longicaudis,
Onça-parda – Puma concolor,
Jaguarundi – Herpailurusyaguarondi,
Jaguatirica – Leoparduspardalis.

Insetos (abelhas)
Uruçu-amarelaMeliponaru fiventris
Guaraipo negraMelipona bicolor

Mais de 60 levantamentos de vida silvestre (peixes, fauna do solo, mamíferos, abelhas, aves, anİbios) assim como pesquisas botânicas e estudos ecológicos foram realizados nas Reservas Particulares da SPVS, a maioria dos quais resultou em teses de doutorado e dissertações de mestrado.

O papagaio-de-cara-roxa é uma das muitas espécies endêmicas que vivem neste bioma. A Grande Reserva da Mata Atlântica é fundamental para proteger essa riqueza. Crédito da foto: Zig Koch